domingo, 14 de setembro de 2008

Manifesto contra a Mudança

Este vai ser um post citado da revista Única de 13 de Setembro. Depois de ler um artigo, também desta revista, acerca de mudança e adaptação das pessoas à inevitável mudança que nos ocorre a todos os minutos, horas, dias... folheei mais umas folhas e surgiu-me um texto chamado "Manifesto contra a mudança" em que o Expresso redigiu 20 coisas que 'não queremos nunca que mudem'. Ao ler isto, identifiquei-me tanto com tal atitude contra certas mudanças que decidi aqui escrever para todos os que não lêem o Expresso possam também identificar-se (ou não).

Antes ainda de começar a enumerar as 20 coisas que nunca deverão mudar escrevo já o aviso adjacente a este texto:

"AVISO: Este texto pode ferir consciências política e ecologicamente correctas e fazer referências a produtos e serviços que violam as regras da ASAE"

I.
Os pastéis de Belém. Inauguramos esta lista de coisas que queremos que fiqeum tal e qual como estão há muitos anos movidos pelo pecado da gula (que aliás ocupa grande parte desta lista). Daqueles sempre quentinhos a sair do forno, estaladiços e de preferência a deixar deselegantes marcas pretas nos dentes por causa da nata queimada.

II.
Queremos fruta verdadeira. Pêssegos mal calibrados, pêras bicadas pelos pássaros, maçãs que não estejam envernizadas, laranjas do Algarve não padronizadas, figos apanhados de manhã nas árvores, melões de Almeirim com casca ainda suja de terra.

III.
Não nos tirem, por favor, as castanhas assadas na rua, cheias de fuligem e embrulhadas em papel das páginas amarelas.

IV.
Que continue a haver amarguinha até ao fim dos séculos. E água ardente de medronho. E licor de ginja, bebido na Ginjinha do Rossio ou no Eduardinho, em copos de vidro grosso, lavados na água da torneira e colocados em cima de balcões de madeira já gastos.

V.
E já agora o leite do dia da Vigor, em garrafinhas de vidro grosso, sempre bem geado. E se vier brindado com aquela arreliante nata que em criança detestávamos, melhor!

VI.
Queremos linguadinhos fritos com arroz de tomate. Jaquinzinhos com açorda. Conquilhas pequeninas acabadas de apanhar da praia, sem serem depuradas nem nada. E bacalhau assado com batatas a murro, com pele e tudo. E moamba, com quiabos e gindungo comprados aos montinhos na Praça da Ribeira, acompanhados de um funge feito à mão.

VII.
Que não se acabe com os pires de tremoços grátis, a acompanhar a bela imperial a deitar por fora.

VIII.
Queremos continuar a comer robalos pescados à linha e as douradas do mar.

IX.
E as sardinhas assadas frescas - e não congeladas e sexas! -, servidas em cima de uma fatia de pão.

X.
Longa vida para o vinho verde à pressão, o pão de Mafra, o bolo do caco da Madeira e a tarte de alfarroba do Algarve.

XI.
E para os pipis e moelas em molho de tomate bem picante.

XII.
Não desapareçam os papéis escritos à mão colados nas montras dos cafés a avisar que há caracóis.

XIII.
Que nunca mude esta luz de Lisboa. Esta luz que consegue iluminar o mais mal disposto dos espíritos num fim de tarde solarengo de Verão...

XIV.
Que os livros sejam sempre livros, cheirem a livros e se possam folhear como livros. E gostamos que fiquem as páginas amarelas com o passar dos anos, a cheirar a pó.

XV.
Manifestamo-nos contra o fim da costa alentejana e da serra algarvia semidesertas. Das dunas e dos pinhais, dos olivais e das searas.

XVI.
E contra o fim das paredes caiadas. Não queremos as aldeias do Sul pintadas com as tintas modernas com 5o tons de branco à escolha, mas sem história nem carácter.

XVII.
Que nunca acabe a instituição do cravanço de cigarros, mesmo a um qualquer perfeito desconhecido ao qual apenas nos une a cumplicidade de entender o que é estas loucamente dependente da nicotina.

XVIII.
Por favor não acabem também com a temporada de música da Gulbenkian. Sobrevivemos a custo ao fim do Ballet Gulbenkien, deixem-nos com o pouco que nos resta de património cultural que nos enche de orgulho e lava a alma.

XIX.
E adoramos a Internet, mas preferimos os amigos de carne e osso aos amigos virtuais. Aqueles que podemos ficar meses sem nos falar, mas quando nos juntamos parece que o tempo não passou e a conversa retoma exactamente no mesmo ponto em que ficou.

XX.
Somos pela igualdade dos sexos, mas queremos que os homens continuem cavalheiros. Que deixem passar as senhoras, lhes abram as portas e cedam lugar quando há apenas uma cadeira vaga numa sala de reuniões lotada.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O querido mês de Agosto deles



Bem, não sei que diga, nem sei que pense... Antes de o ver estava expectante a pensar, "vamos la ver mais um bom filme portugês!" Quando comecei a ver, continuava expectante e estava contente de ser um filme que se passou num sitio de Portugal que gostei muito de visitar. Depois comecei a ficar algo confusa, não percebia o que era filme e o que era realidade, documentário ou filme? Pessoas ou actores? Passado mais algum tempo, comecei a pensar "porque raio ninguém me disse que isto era um musical" porque era o que mais parecia... O filme continuava (pelo menos a exposição na tela) e eu já começava a duvidar que os produtores tivessem conseguido arranjar actores e verbas para de facto o fazer... Pouco depois o filme começou a dar-se, já haviam pessoas a contracenar e uma história começava a emergir, embora algo estranha, pouco estruturada e mediocre... No fim já estava a perceber a ideia desta gente, até teve a sua piada mas nesta altura já estava mais que desejosa que aquilo acabasse, não estava preparada para um filme destes... Como vos digo, ainda agora nem sei que diga nem que pense, se foi bom ou mau, sei lá, foi estranho, disso estou certa!

Só vendo, contado ninguém percebe, :)